quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

HISTÓRIAS DE VIDA - SEU LUCA

HISTÓRIAS DE VIDA - SEU LUCA


Matéria para o site da Prefeitura Municipal de
São Paulo.


Por Zé Renato Rodrigues



Luca Nicola Jacon, um dos comerciantes mais antigos do mercado municipal Paulistano, segue comercializando frutas há 55 anos




Nascido na fazenda Bela Aliança, município de Limeira, interior paulista, em 14 de abril de 1938, seu Luca é o caçula dos oito filhos de Mássimo Jacon e Dozolina Rigom Jacon. Ele conta que passou sua infância na fazenda e começou a trabalhar muito cedo, nas lavouras de café. Com 7 anos de idade, depois que voltava da escolinha onde cursou até a 3ª série, há 4 km de distância da sua casa, ele trocava o caderno e o lápis pela enxada e o rastelo. “Acho um absurdo essas leis que proíbem menores de trabalhar, concordo que devemos proteger as crianças, mas serviço não mata ninguém e quem começa trabalhar de pequeno, cresce com responsabilidade e dá mais valor na vida”, diz.

Quando completou 12 anos, em 1950, seu Luca mudou para Limeira e começou a trabalhar na Empresa Kühl - torrefação e moagem de café. Trabalhou 2 anos nessa empresa. E de 1952 a 1954 trabalhou na empresa automobilística Ford, na função de frentista. Mas, ao surgir uma proposta melhor, não pensou duas vezes e foi trabalhar na CIA União refinadora de açúcar e café, e lá trabalhou ate 1958. Nesse mesmo ano, vindo para a grande metrópole - São Paulo, agora rapaz com espírito de empreendedor, começa construir sua história no Mercado Municipal.


​ “A gente era em 10 sócios, todos parentes. Com um caminhão Mercedes-Bens, transportávamos as frutas produzidas na fazenda Bela Aliança e também de outras propriedades da região de Limeira. Quando o caminhão era descarregado, já havia fila de charretes e carroças de feirantes na frente do mercado para comprar os produtos, que chegavam fresquinhos da fazenda. Naquela época, a gente comercializava só no atacado. São Paulo estava no auge com as implantações das indústrias, o dinheiro girava com rapidez, o índice de desemprego era zero”, explica seu Luca. Embora relate momentos difíceis, por conta das enchentes na região. Em tempo de chuvarada, os lixos ficavam parados nos pilares, então o rio transbordava e inundava o mercadão, chegando aos dois metros de altura. Para não atingir as frutas, os comerciantes se reuniam e faziam pilhas com caixas vazias para colocar as frutas encima.

O menino simples queria vencer na vida e mesmo cansado de trabalhar o dia todo, foi estudar a noite na Escola 30 de Outubro, que não existe mais. Assim, concluiu o curso de Técnico em Contabilidade. “Tudo que aprendi na Escola Técnica, aplico nesses 55 anos de comércio, os números são vivos na minha memória. O estudo é muito importante na vida das pessoas. Por isso aconselho os jovens estudarem muito. Hoje, estou com 75 anos, e posso dizer que o mercado municipal é o pulsar do meu coração. Aqui trabalho e sou visitado pelos amigos, fregueses e comerciantes, muitos deles já aposentados. É um recanto querido onde relembro o passado com muita saudade”, completa seu Luca.


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