quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

HISTÓRIAS DE VIDA - HÉLIA



HISTÓRIAS DE VIDA - HÉLIA

Matéria para o JM da Supervisão Geral de Abastecimento - Prefeitura Municipal de São Paulo.

Por Zé Renato Rodrigues

        Hélia Alves Barreiros de Souza ingressou na Prefeitura de São Paulo no ano de 1987, na Secretaria da Saúde, no Hospital Tide Setúbal. A funcionária que tem uma longa carreira pública pretende se aposentar e mudar para alguma cidade do interior, pois sua origem é do campo, e é lá que ela gastaria de viver um dia.

     Nascida no Sítio Córrego das Queixadas município de Três Fronteiras – SP, cidadezinha hoje, menos de 6 mil habitantes, Microrregião de Jales – SP, Hélia teve uma infância em meio ao serviço braçal. Ela conta que desde 8 anos já capinava café, catava algodão, colhia feijão e arroz e outros serviços da roça. Começou estudar com 10 anos numa escolinha de fazenda. Aos 12 anos seus pais mudaram para Três Fronteiras, depois foram para outra pequena cidade, Aspásia, e no ano de 1966 a família vem tentar a sorte em São Paulo. “Eu tinha 15 anos e comecei a trabalhar na Empresa INAL (Indústria Nacional de Aços Laminados S/A), firma de grande porte que ficava na Radial Leste", Hélia diz. Sua função era servir café para a diretoria e troçar as toalhas dos banheiros. Logo no primeiro dia, a chefe da menina mandou ela pegar toalhas secas. "Entrei num quarto escuro nos fundos da diretoria e me deparei com um cofre. Eu jamais tinha visto uma na minha vida. Tentei abrir, mas não consegui. Voltei e disse: dona Iracema, por favor, pode me ajudar abrir aquela mala para pegar as toalhas? Foi risada o dia inteiro”, relembra sorrindo.

         Em 21 de agosto de 1987, uma amiga de Hélia informou que ia abrir concurso na Prefeitura de São Paulo, prestou concurso e foi aprovada. Ao ser convocada, escolheu trabalhar na Secretaria da saúde, Hospital Tide Setúbal. Em 1996, com o projeto PAZ, foi transferida para uma creche. "No começo eu não gostava, a localização era num buraco, sala mal iluminada, paredes sujas. Com o tempo eu me adaptei. Sempre gostei muito de criança, e minha função era costurar lençóis para as caminhas das crianças", era gratificante, comenta. Ela sentiu que ficou pouco tempo e foi para a Subprefeitura de São Miguel, lá permaneu 3 anos. Com algumas mudanças administrativas, acabou indo para o Conselho Tutelar de São Miguel. Nesse setor, foi o lugar mais triste que trabalhou na Prefeitura, foram somente 4 anos, mas para ela foram 40. “Era chocante lidar com crianças estupradas pelo pai, padrinho ou vizinho, bebê de 5 meses sendo espancado, criança com as mãos queimadas para não fazer arte. Eu não agüentava mais aquele clima deprimente, que  decidi ir para a Secretaria Municipal de Cultura e lá fiquei 6 anos”, diz Hélia.

     Em 2010 a funcionária veio para a Supervisão Geral de Abastecimento para trabalhar no PABX, cargo que concursada, mas trabalhou no setor de protocolo também. Atualmente exerce sua função, PABX. Ela procuroa desempenhar seu trabalho o melhor possível, porque adora o que faz.

       “Sou mãe de três filhos e avó de quatro netinhos que amo de paixão. Tenho sonho de um dia me aposentar e mudar para a cidadezinha terra natal, Três Fronteiras - SP, ou outra cidade do interior, que seja bem calma e pequenina. Sei que pode ser mesmo somente um sonho, levar comigo meus netinhos, onde numa pracinha simples, com mais tempo, eu possa contar a eles os contos de fada e as lendas dessa vovó coruja”, emocionada completa Hélia. 
 

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